quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Quando é o melhor momento para realizar as atividades diagnósticas?

Uma das expressões mais utilizadas no inicio do ano letivo é atividades diagnósticas. Porém surge uma pergunta: Quando é o melhor momento para realizar as atividades diagnósticas? Encontrei a resposta desta pergunta no blog Coordenadoras em ação. Leia na integra o texto de Helena Cristina Ruiz.
 
Depois do terceiro dia de aula, a Ana, uma professora de uma turma de 5 anos, na qual todas as crianças já haviam sido alunas da escola no ano anterior, veio bem preocupada conversar comigo. Ela me disse o seguinte:
 
“Leninha, estou bem preocupada com a turma deste ano. Eles são muito agitados e parece que não conhecem a rotina da escola. Pegam os jogos e brinquedos e não colocam de volta no lugar, não se concentram nas atividades, o tempo todo é um cutucando o outro. Nas atividades que propus, poucos estão escrevendo seu nome com autonomia. A escrita da maioria está na fase pré-silábica e até para fazer quantificação parece que é turma novata na escola. O que será que aconteceu? Antes do início das aulas, dei uma lida nos relatórios do ano anterior e os últimos diagnósticos de escrita e matemática são bem mais avançados do que estão demonstrando agora… Será que a professora ajudou nas atividades?”
 
A Ana é uma ótima professora, experiente nessa faixa etária e muito atenta às aprendizagens das crianças. Entretanto, todo começo de ano ela estranha muito!
Depois de alguns anos acompanhando o início de ano de diferentes professoras veteranas na escola, consigo dar uma explicação: elas começam o ano tendo em mente como era sua turma no final do ano anterior e, então, comparam a turma iniciante com aquela que saiu em dezembro. Só que são turmas muito diferentes, não é mesmo?
Ao longo dos meses, as crianças vão entrando no ritmo do professor, escrevem seu nome e participam de muitas atividades diariamente. Aí, chegam as férias, com uma rotina (ou falta dela!) bem diferente e, quando se inicia um novo ano letivo, elas têm colegas e professoras novos, mudam de sala e retornam querendo explorar tudo!
 
Diante disso, acredito que devemos considerar dois pontos:
 
1- Essas crianças precisam de um período de adaptação à rotina escolar e ao professor
Conversei com a Ana para que nas duas primeiras semanas de aula propusesse atividades mais voltadas à integração das crianças e à adaptação à rotina escolar e ao jeito do professor.
Para quem está de fora, é bem visível o jeito particular de cada professor encaminhar a gestão da turma. Há professor mais controlador e outros que dão mais autonomia para as crianças; uns lidam bem com certas transgressões (naturais em qualquer grupo) e outros exigem mais disciplina quando estão fazendo as atividades; uns querem os jogos e brinquedos organizados de determinada maneira e outros não se importam tanto. As pessoas são diferentes e o coordenador pedagógico precisa respeitar o jeito de cada um, desde que todos estejam fazendo uma gestão de sala considerando e respeitando as crianças também.
Sugeri, então, que a professora planejasse atividades variadas, tais como:
  • Arte: desenho coletivo no papel kraft; pintura na parede de azulejos; coleta de folhas e pauzinhos pelo pátio da escola para elaboração de uma montagem em duplas (land art);
fazer a massinha de modelagem (distribuindo 2 copinhos de café, ½ de sal, água e corante para cada criança) sentados em roda
  • Oralidade: colocar pistas dentro de uma caixa para as crianças descobrirem imagens de animais que foram colocadas dentro dela; ensinar um poema e propor que memorizem e recitem para a turminha de 2 e 3 anos que está em adaptação e na maior choradeira
  • Leitura: atividades de leitura do nome através de brincadeiras; leitura dos itens registrados na rotina do dia; leitura dos títulos das capas dos livros de histórias
  • Escrita: brincar de forca com os nomes das crianças; ditar as letras para escrever a brincadeira de movimento do dia; escrita de substantivos com letras móveis (em duplas). Todas as atividades são de escrita coletiva
  • Matemática: brincar de recitar os números enquanto esperam o horário de sair para o parque; fazer jogos ou brincadeiras no pátio na qual tenham que quantificar, como “Mamãe, posso ir?” (um líder determina quantos passos cada criança pode dar imitando um animal) eCircuitos” (subir a escada do escorregador, dar 5 passos grandes, contar até 20 com as mãos no muro e depois andar na mureta do tanque de areia contando até quanto for possível, por exemplo), brincar de pular corda contando até que número se consegue saltar
Certamente essas atividades permitirão que a turma se conheça, volte à rotina de uma maneira mais tranquila e aprendam a trabalhar coletivamente.
 
2- As atividades diagnósticas devem ocorrer apenas depois dessa readaptação
Tanto na turma de 4 anos como na de 5, sugeri as professoras que planejassem as atividades de diagnóstico dos saberes de cada criança apenas a partir da terceira semana de aula.
 
Tudo que deixamos de fazer por um determinado tempo precisa ser retomado aos poucos e isso também vale para os pequenos. Ora, eles ficaram quase dois meses sem a rotina de escrever seu nome na folha de atividades, sem ter que pensar em letras e números e estar com tantas crianças e regras de convivência. Agora, é preciso repertoriá-los para depois propor uma atividade que mostre o que cada um sabe de verdade. Vou tratar desse assunto com mais detalhes na próxima semana!
 
E voltando ao nosso caso inicial… Depois que conversei com a Ana e relembrei o início dos anos anteriores, ela concordou que estava esquecendo que eles são bem menores no começo do ano e que, de fato, sua mente estava na turma na turma do ano anterior.
E vocês, coordenadores, como planejam as duas primeiras semanas de aula?
 


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